Júlio Quaresma
O Estilo, tomando como referente a origem da palavra, do latim Stylus, ele próprio já uma derivação do grego é como uma ponteira, um estilete que vai desenhando uma imagem na tessitura social em que cada um de nós se move.
Pensando em estilo, vieram-me à memória os olhos verdes da Isabel e recordei comparativamente os olhos, também verdes de Charlotte Rampling em Veredicto, com Paul Newman, os de Marisa Berenson em Barry Lyndon ou os de Soraya Esfandiary-Bakhtiari a princesa persa, entre tantos outros para concluir como podem ser diferentes na forma, na cor e na intensidade e no entanto, aportarem uma beleza excepcional e uma elegância rara que acentuam a dimensão própria de cada olhar e configuram a intensidade daquilo a que chamamos estilo.
O conceito de estilo, hoje por vezes, tão usado com carácter estratificador do ponto de vista social, na realidade, na sua essência, enquadra-se nessa diversidade, nessa múltipla complexidade do ser humano e na coloração que cada cultura lhe dá mas sobretudo, do ponto de vista individual, não é mais do que o reflexo do carácter e da delicadeza que é diferente da educação formal e da elegância e refinamento natural tão em oposição à afetação social, à arrogância de alguns pernósticos ou mesmo à moda.
Tudo passa nos ventos que movem a nossa existência mas o estilo é como uma memória do nosso esquecimento, tão pessoal e afinal moldada apenas no charme natural, na assunção transparente da personalidade, na delicadeza do carácter, na atenção ao detalhe mas acima de tudo na generosidade com que se olham os outros em cada manhã que mais um dia a vida nos proporciona.